sexta-feira, 2 de março de 2012

Por que o socialismo não é progresso para homossexuais.


Após 1964 houve um golpe de Estado no Brasil e os militares tomaram o governo. Nos anos seguintes houve o enfraquecimento de instituições, leis e princípios. Liberdades foram caçadas, entre elas a política, a de expressão e a de imprensa. Os militares sucatearam o ensino público, endividaram o país, acirraram as desigualdades sociais e produziram uma série de outras catástrofes sociais, econômicas e políticas. Os militares estavam a serviço de preceitos capitalistas e sustentados em cima de uma moral conservadora. Fizeram um desserviço ao país, nunca pagaram por isso e tentam a qualquer custo impedir que essa história seja investigada.
Opostos a desordem da Ditadura Militar, surgiram naquele tempo vários grupos de professores, estudantes, jornalistas, artistas, religiosos, enfim, que em geral eram alinhados aos preceitos socialistas e que defendiam a liberdade e a justiça social. Nestes grupos estiveram presentes várias minorias, favoráveis às modificações do status quo, e que mais a frente fundaram partidos de esquerda.

Quando acabou a ditadura e a democracia ganhou espaço, esses partidos ganharam mais poderes políticos e produziram debates e avanços no concernente a muito das demandas. Em 2002, um deles, o Partido dos Trabalhadores, elegeu Luís Inácio Lula da Silva presidente da República tendo como grande eleitorado os homossexuais. De Lula se esperou avanços sociais. Porém as alianças com conservadores fizeram com que o PT repetisse problemas clássicos de corrupção, administração e avançasse pouco em assuntos até então esperados, como direitos civis para os homoafetivos.
No ano de 2010 o ideal socialista surgiu novamente nas eleições através de outros partidos menores e no discurso do PT, que conseguiu eleger Dilma Rousseff presidente. Novamente uma parcela significativa do grupo de pessoas homossexuais ajudou a eleger a candidata do PT esperando outra vez ter as demandas contempladas. Contudo, já nos primeiros meses, Dilma, e o socialismo que foi lhe atribuído, demostrou-se antagônica às requisições da minoria.
É bem verdade que muitos socialistas acusam o PT, Lula, Dilma e seus parceiros de não serem mais socialistas, entre os motivos está esse posicionamento conservador. Porém, para quem espera que socialismo seja tipicamente progressista precisa assistir Antes do Anoitecer, filme sobre a biografia do escritor cubano e homossexual Reinaldo Arenas, no qual é mostrado que um projeto socialista mais radical, como o cubano, não é razão para se pensar que um país socialista será um paraíso para homossexuais.

Arenas nasceu em Cuba quando o país ainda era uma ditadura capitalista, desigual e desde já conservadora. A Revolução Socialista, antes vista com desconfiança por uma parcela da sociedade cubana, trouxe a promessa de uma vida mais justa e livre. Porém com o passar do tempo e o firmamento do regime do socialista o escritor, e os amigos que o cerca, sentiu o recrudescimento do governo para com os homossexuais.
Algo que até então era visto como uma fanfarra inócua passou a ser visto como uma subversão a Revolução Socialista. Por quê? Para o regime de Fidel Castro e afins, a homossexualidade é um comportamento descompromissado com o projeto de sociedade almejado, mais do que isso, um comportamento do império capitalista americano. Vemos portanto a truculência, condenações sumárias e prisões em situações degradantes, coisas que revoltam qualquer um que tem anseio de justiça e de humanidade mínimo.

Em Cuba, tanto como em qualquer ditadura, tanto quanto em qualquer governo burguês, é criado um ideal comum e maior de projeto social, cujo qual é necessário defender dos inimigos que são eleitos por quem estar no poder. Esse projeto social justifica que algumas demandas sejam colocadas de lado ou simplesmente reprimidas. Será que temos então semelhanças com o governo de Dilma Rousseff e as suas justificativas e de seus defensores, inclusive homossexuais, para defendê-lo e levá-lo adiante, posando em fotos para Igreja e pastor, dando ministério e chorando em posse de pessoa abertamente contra os homossexuais? Abertamente contra os homossexuais Dilma Rousseff e o PT não são, mas que por um ideal considerado maior de governo eles não se importam com esse grupo, isso é verdade! 
Enfim, é isto, se homossexuais quiserem cidadania, deverão aprender que devemos ser suprapartidários, afinal de contas, nenhum deles por ser alguma coisa tem um compromisso fechado conosco, preceitos contrários, ah, isso eles tem. 

5 comentários:

  1. Uma pena ver que as pessoas não querem aprender a respeitar aqueles que são diferentes, resguardando seus direitos e defendendo-os, não por favor ou qq coisa do tipo, mas por obrigação. Humana obrigação.

    P.S. Gosteiiii do seu texto!!!!!

    ResponderExcluir
  2. Bem...
    Eu acho engraçado como as vezes as coisas ficam reduzidas qdo falamos em política/homossexualidade, qdo eu te leio falando a cerca do fato de tanto Lula qto Dilma terem sidos eleitos com uma quantidade significativa de votos de homossexuais fico me perguntando... “A únicas expectativas políticas possíveis pra um homossexual são as vinculadas a homossexualidade???”.. Pk veja bem.. Além de gay eu sou negro, eu sou psicólogo, eu sou pedestre, eu sou consumidor, eu sou expectador, eu sou telespectador, eu sou cliente, eu sou pobre, eu sou internauta, eu sou uma gama de coisas que realmente me faz questionar até que ponto eu tenho que pensar exclusivamente a relação de Dilma com a homossexualidade antes de me arrepender de ter votado nela ou não.

    Eu sempre me incomodei com esse movimento vindo por parte do meio, por que pra mim ele tem uma previa que acho bem complicada que a “homossexualização” de todas as coisas... O fato de vc ser gay passa interferir em tudo a sua volta, na sua postura no trabalho, na sua relação coma s pessoas, nos lugares que vc frequenta, nas roupas que veste, nas músicas que ouve, nas pessoas com que convive... Claro que muito desse movimento vem de fora pra dentro, vivemos numa sociedade heterossexista e excludente mesmo, mas acho tb que por vezes ficamos numa zona de conforto que nos deixa um pouco preguiçosos e abrimos mão de nos incluirmos, optando por ficar no gueto gritando por inclusão.

    Veja bem... Tb acho foda a forma em que as cosias se deram, em especial com a Dilma, que em sua campanha foi metralhada por esses setores mais conservadores que hj ela apoia em passos largos enqto anda em passos curtíssimos com as bandeiras progressistas que com certeza foram preponderantes pra sua caminhada até o ponto que chegou... Mas existe uma diferença em falar de bandeiras e de pessoas.... Concordo com vc que ela realmente que sela deveria ser mais coerente com a bandeira gay, agora enxergar um eleitor como “o gay que votou na Dilma e ainda permanece a defendendo” é reduzir um pouco a complexidade das coisas.

    ResponderExcluir
  3. eu concordo em parte com o Yag! Eu não votei nela mas esperava bem mais dela tb ... muito decepcionado ...

    ResponderExcluir
  4. Essa aproximação excessiva do PT com os setores evangélicos, em detrimento de outras categorias historicamente excluídas como as mulheres e a comunidade LGBT, acabam trazendo um legado nefasto: hoje estamos completamente desacreditados em outras siglas. Dia desses um partido de extrema esquerda defendeu o Rafinha Bostas em sua propaganda eleitoral. O PSOL, por exemplo, defende agora a bandeira LGBT, mas não se sabe se o fará quando finalmente chegar ao poder executivo. É o horror. Acho que mais do que nunca o movimento LGBT deve se empenhar em seguir sua luta de modo politizado, mas apartidário.

    ResponderExcluir
  5. Infelizmente essa é a realidade, nós (homossexuais) somos uma minoria e, portanto, jamais seremos representados na chefia de uma democracia. Também esperava mais da Dilma e seu PT, mas fazer o que, muito difícil agradar a gregos e troianos. Felizmente, como lembrou o amigo acima, há outras coisas além disso a serem levadas em conta na hora de avaliar o governo da presidenta.

    ResponderExcluir