Terminei 2010 com um otimismo enorme, colei grau antecipadamente, tomei posse em um concurso público, comecei a conhecer muita gente, passei o Natal e o Ano Novo fazendo planos para 2011, olhando o cunhado da prima e assistindo X-Man Revolution no carro enquanto minhas tias dançavam bêbadas. Bem, o novo ano chegou, comecei otimista apesar de receoso, fui para uma escola na qual na prática eu aprendi com alunos não muito bondosos a ser professor, coisa que meus quatro anos de curso universitário em licenciatura não ensinaram. Me frustrei em 2011 com pequenas coisas e dadas as circunstâncias eu revi planos e pensando bem as mudanças durante o percusso foram a melhor escolha.
Não gosto de dar aulas, então que eu não dê aula. Não gosto do meu salário, então que eu mude para algo que me pague melhor. Sem abandonar a sala de aula, pois ainda preciso de um emprego e com ele de uma renda, comecei a estudar para concursos públicos, aprendi muitas coisas, principalmente na área de direito. Mas isto é só o começo, preciso ir mais além. Também aprendi outras coisas, que se eu não fosse tão impulsivo seria mais amado pelos meus alunos e não estaria tão endividado. Sempre que fico chateado, lá me vou a usar meu ItauCard Internacional. Descobri que até o cheiro do impresso do comprovante de pagamento me deixa feliz. O mais irônico é que a ItauCard me mandou outro cartão de crédito, dessa vez um Visa.
A minha vida social passou a existir em 2011, porém de uma maneira bem limitada e tediosa. Tenho alguns amigos agora, que às vezes me chamam para ir em algumas baladas. Não em todas que quero ir, e nem sempre para fazer as coisas e com a disponibilidade que eu desejo. Mas é melhor do que antes, embora persistam os momentos de solidão. Na verdade penso que preciso expandir mais meu círculo de amizades, no entanto tenho sido pouco talentoso neste objetivo e não consigo imaginar o que posso fazer para aumentá-lo. Uma coisa é fato, preciso de novos círculos de vivência, mas quais?
No final de setembro os cirurgiões ligaram e me comunicaram do agendamento de uma cirurgia bucomaxilofacial. Fiz no começo de outubro, o anestesista era bonito. Entrei no centro cirúrgico vestido, com uma roupa tosca que não protege muita coisa. Sai de lá sem a camisa e com uma sonda enfiada no meu solitário falo. Os dias que sucederam foram chatos, virei uma máquina de digerir toda sorte de remédios, que me deram uma super queimação no estômago, misturado a sucos, vitaminas, iogurte e com sorte sorvete. O rosto ficou inchado e eu virei um mostrengo que mal podia falar. Agora tudo está passando, os inchaços estão menores, as sessões na fonoaudiologia estão reabilitando a minha fala e ensinando coisas para eu que pela primeira vez na vida mordo usando todos os meus 28 dentes (não tenho dentes cisos). Por causa da dieta, ainda diferenciada baseada agora só em massas, fiquei com a pele oleosa. Perdi uns 4 Kg, massa muscular, mas se eu for para a academia ou para a natação agora, vai ser fácil recuperar e ficar definido e gostoso.
Ah solidão tem me acompanhado muito nesses dias de licença médica aqui em casa. Por isso ultimamente tenho desejado muito ter um cachorro. Não sei se poso ter um labrador ou um cachorro menor, ainda acho melhor fazer a reforma da casa e depois me dedicar a ter um cachorro. Ainda lembro do meus três últimos cachorros e dos dias que chorei quando eles foram embora. Tive um doberman, fugiu um dia, por ele chorei uma semana. Junto a ele, tive também um vira-lata, fugiu e semanas depois voltou, magro, mas ficou fielmente feliz quando me viu ao chegar meio dia do colégio. Correu na minha direção e pulou em mim com muito entusiasmo. Eu num reagi muito, não acreditei no início que pelo menos um dos meus cachorros tinha voltado para mim. Ele morreu no dia em que prestei o vestibular.
Bem, um pouco de Maysa Matarrazzo para minha solidão verdadeira.
Peixos, me liga.