domingo, 20 de novembro de 2011

Dilma Rousseff é a decepção de 2011

Estamos nas últimas semanas de novembro e em pouco mais de um mês 2011 terá acabado. Muita coisa já aconteceu este ano na política nacional, inclusive em relação aos homossexuais. Certamente este ano é uma grande evolução para nós, uma vez que o Supremo Tribunal Federal e o Supremo Tribunal de Justiça reconheceram respectivamente a união e o casamento civis como direitos estendidos para os homossexuais. Porém, embora tenhamos motivos para comemorar, não podemos nos contentar, pois, a grosso modo, o reconhecimento vindo do Poder Judiciário é apenas um "remendo". Tudo que eles nos concederam  é chamado de jurisprudência, algo que não é simplesmente obedecido e tem o poder de uma lei, que no Brasil não existe.

Além do mais o Judiciário entrou em ação porque os demais poderes da República nada têm feito para o nosso segmento social. A Presidente Dilma Rousseff contou nas eleições com o apoio de várias minorias sociais, entre elas os homossexuais e transgêneros. No entanto no próprio decorrer da eleição, após o segundo turno para ser mais exato, Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores minimizaram a importância dada ao nosso apoio, pois firmaram um compromisso com os setores religiosos da sociedade para ganhar apoio frente aos ataques conservadores à campanha da então presidenciável. 



Em 2011, no decorrer de seu governo, a Presidente Dilma tratou de mostrar que as requisições dos homossexuais e dos transgêneros seria simplesmente ignoradas em seu Governo, postergadas ou mesmo atrasadas. O maior exemplo disso foi a suspensão do kit Escola Sem Homofobia, pejorativamente tratado como kit gay, por Dilma na crise política envolvendo o então ministro Antônio Palocci. Na justificativa para tal medida a presidente mostrou-se presunçosa, ignorante e descompromissada, se não ingênua, com a causa. Explico cada uma desses "elogios". 

O referido kit para combate da homofobia no ambiente escolar foi elaborado por especialistas em sexualidade e pedagogia, logo o público alvo, a linguagem, a abordagens e os objetivos passaram por reflexões que visassem não distorcer, não manipular concepções e que fossem apropriadas para o público pretendido, os adolescentes. Este material foi aprovado por outras instituições, como o Conselho Federal de Psicologia, órgãos da Organizações das Nações Unidas e por técnicos dos Ministério da Educação, além do próprio ministro da pasta, Fernando Haddad. A presidente Dilma, que inteligente e culta é, mas que não tem conhecimentos pertinentes na área, seja pedagógico, seja de sexualidade, passou em cima de todos esses fatores sem ouvi-los e vetou o projeto, mostrando sua face presunçosa.

Quando a presidente justificou dizendo que o Governo não faz propaganda de opção de sexual ficou clara a  sua ignorância para com o assunto. Primeiro porque o kit anti-homofobia não era propaganda, e sim um material para trabalhar com os estudantes a tolerância no âmbito do combate à homofobia. Segundo que homo-afetividade e nem a situação dos transgêneros podem ser chamadas de opção. O seu descompromisso fica claro pelo desconhecimento da chefe do Governo e o interesse inexistente em conhecer o assunto razoavelmente mais a fundo para dar pitaco a seu respeito.

Porém não é só isso. Durante o primeiro ano do Governo Dilma, para este blogueiro, não foi noticiado nenhuma medida por parte do Poder Executivo Nacional que viesse ao encontro dos interesses dos homossexuais e transgêneros. A única exceção talvez seja a promessa da segunda conferência nacional de LGBT's para 2012. Quando digo promessa, levo em conta a chance crescente de não acontecer, uma vez que a Presidente Dilma e o Partido dos Trabalhadores tem se tornado a cada dia mais alinhados aos reacionários da causa LGBT em nome da governabilidade conseguida com imorais chantagens. 



O mais lamentável neste contexto é a pouca sensibilidade política do público LGBT, que tem sido pouco politizado, tampouco ao ponto de exigir uma fatura política e eleitoral daqueles que se opõe aos nossos interesses. Para eu, que não sou especialista em política, considero cedo para falar sobre as eleições de 2014. No entanto, se as doses de 2010 forem repetidas o quadro que pintaremos é assombroso. Os candidatos que citaram a questão LGBT em seus programas tem pouco poder político, no caso do PCB chega ao fundamentalismo ideológico de atribuir a discriminação ao modo capitalista, o que para mim tem outra raiz, os fatores culturais. 

Os três principais candidatos foram Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva. Esta última jogou a questão para a sociedade discutir para se esquivar das consequências políticas de ser pró ou contra ao mesmo, embora imagino que ela seja mesmo é contra. José Serra, que em sua gestão no estado de São Paulo conseguiu grandes feitos para o público LGBT, por ser um candidato com conteúdo fabricado pela grande mídia, buscou nos conservadores apoio político para vencer Dilma Rousseff, que mesmo sem citar os LGBT's em seus programas de governo, pagou um alto preço por se mostrar favorável a descriminalização do aborto.

De maneira geral concluo, Dilma Rousseff é uma decepção para mim, que anos antes das eleições já vi com simpatia a possibilidade de uma mulher petista governar o país e que votei nela nos dois turnos de 2010, embora com desconfianças no segundo. Desconfianças essas que se confirmaram válidas. Dilma Rousseff, assim como o PT, embora mereça louros por muitas coisas, envergonha a mim por um dia eu ter a defendido e nela confiado com tanto afinco. De maneira geral, não podemos esperar grandes coisas do atual governo e daqueles que podem sucedê-lo, a menos que para minha sorte eu esteja errado.

Bem, é isto, peixos, me liguem.

Um comentário:

  1. Não votei nela nem em ninguém, mas no começo até dei algum crédito à ela ... mas ... tb decepcionei ... uma pena ...

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